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#TBT101 - Literatura infantil com temática indígena

17.04.25 - 07H51
Cristino Wapichana, escritor indígena

Cristino Wapichana - foto: ©  Eduardo Fujise e Gideoni Junior/ Itaú Cultural

 

Por Sofia Assunção

Livros têm a capacidade ímpar de nos transportar para um outro lugar sem sair de onde estamos, experienciar situações que nunca vivemos, nos conectar com personagens que são irreais. Eles são uma linha tênue entre o imaginário e a realidade, ao mesmo tempo que a palavra deles nos dá uma fuga para um lugar de conforto, onde alma pode se repousar por um tempo, ele aguça nossa visão para enxergar beleza e a poesia no nosso cotidiano, mostrando que as histórias podem só existir no nosso imaginário porém o sentimento ocasionado por eles é real.

Prosseguindo com essa ideia, o #TBT101 desta semana recorda o Relicário em comemoração ao Dia Mundial do Livro, Dia Nacional do Livro e o Dia dos Povos Indígenas, onde Janaína Serra bateu um papo com Cristiano Wapichana, premiado escritor de livros infantis sobre literatura, ancestralidade, poesia, política e a força da palavra falada e escrita.

Nascido em Boa Vista (Roraima), Cristino Wapichana é músico, compositor, cineasta, escritor, além de palestrante sobre a temática indígena em escolas, universidades e fundações. É o autor de Boca da Noite, vencedor da Estrela de Prata do Prêmio Peter Pan 2018, do Internacional Board of Books for Young People, vencedor do Prêmio Jabuti 2017, escolhido pela seleção IBBY Brasil para figurar a lista de honra em 2018. A edição original do  foi ao ar no dia 24 de Abril de 2024.

Confira um trecho da conversa:

Cristino Wapichana: Talvez a coisa mais democrática que existe são as artes, e é por ela que nós chegamos aos outros e eles também se chegam a gente, porque ela faz sorrir, ela faz sentir, ela traz memórias,  traz histórias, traz tudo aquilo que a gente precisa para a gente ter uma vida bacana, uma passagem bacana aqui por esse planeta, por essa casa única nossa, dessa única humanidade (...).

Janaína Serra: Eu queria que você falasse um pouquinho de você, da sua história, do que você sabe da sua história. Eu, como tantas, acho que represento muita gente que não tem acesso à sua ancestralidade quando se trata, da família indígena, de raiz indígena e negra, então, queria te pedir para falar um pouco da sua, para se apresentar para a gente. Além, né, te apresentei aqui como  escritor, falei dos livros, dos prêmios, das menções, mas para te conhecer um pouco mais

Cristino Wapichana: Olha, eu tive o privilégio de ter uma avó magnífica, que foi muito presente. Ultimamente, desde o Kankurumim, que é o quarto livro, eu falo muito dessa avó,tanto que eu estou fazendo quatro livros para o Leiturinha, para o Clube Leiturinha, e eu não consegui tirar a minha avó dela.

Eu acho que esse  feminino sempre foi muito presente na minha vida, pela figura da minha mãe, como ela nos criou, como ela teve todo esse cuidado de sempre falar dessa figura como a criação mesmo. Não existe humano que não seja parido por uma mulher. Então, eu vivi muito isso, sou de uma família de 12, 14 irmãos, são 12 vivos, seis casais, e dentro dessa tradição, minha avó ficou viúva, então a família é muito ligada, é muito presente, muito presente no sentido de que todos fazem parte dessa família, todos são criados como filhos, como netos, então essa ligação muito forte é a mesma que nós temos, que os indígenas têm, em relação à própria natureza, tanto que chamamos de mãe (...).

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Confira a entrevista na íntegra através do nosso canal no Youtube. Toda quinta-feira publicamos a coluna #TBT101, onde o ouvinte relembra entrevistas importantes que a 101.5 trouxe na grade de programação.


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