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#TBT101 | Coquetel Molotov 2023: as mentes e corpos que dão à luz as cenas na música

23.11.23 - 14H01
Coquetel Molotov 2023: as mentes e corpos que dão à luz as cenas na música

(Uana e FBC. Foto: Hannah Carvalho / Divulgação No Ar Coquetel Molotov)

Por Luiz Rodolfo Libonati

 

O Festival No Ar: Coquetel Molotov de 2023, sediado na Universidade Federal de Pernambuco em 21 de outubro, entregou à altura das expectativas depositadas sobre a sua edição comemorativa de 20 anos. A realização no campus da UFPE marcou o segundo ano de retorno à instituição, nascedoura do evento musical e onde o mesmo se manteve por quase uma década (2004–2013), após edições em lugares como a Coudelaria Souza Leão, o Caxangá Golfe Clube e o Teatro Guararapes.

Notável por figurar de modo consistente entre os principais não apenas em Pernambuco, como no país, o festival estendeu uma tradição valiosa sua: saber compreender a atualidade, a autoria e os diferentes círculos geográficos do nosso panorama musical. Incluem-se aí, na prática, os rostos, corpos, mentes e vozes que estão dando forma às mais variadas cenas artísticas. E o som do resultado disso é alto. Foram 12 horas de música ao vivo, 24 shows e 36 artistas distribuídos nos palcos Natura, KMKAZE e Coquetel Molotov.

Se você tem a sua escuta plugada na Frei Caneca FM, é fácil reconhecer, nessa pegada, valores e iniciativas da programação cultural cotidiana que a gente busca oferecer. Na semana do festival, por exemplo, o programa BR-101.5 apresentou o Deu Molly, uma programação especial de aquecimento em que recebemos para bate-papo as atrações da recente edição O Quartinho, Brisa Flow, Irmãs de Pau e N.I.N.A. (artistas que contemplaram os três palcos), além da diretora Ana Garcia.

Para a apresentadora Gabriele Alves, essa é uma parceria importante que se justifica por diferentes motivos. O Deu Molly veio com a proposta de aproximar aos artistas os ouvintes da rádio, explica, porque “esses shows vale muito a pena você parar para assistir e, ouvindo o que essas pessoas têm a dizer antes de ouvir o que elas têm a cantar, traz outra visão sobre o artista”.

A sintonia entre as curadorias do festival e da emissora ilustra bem a frutífera relação: ambas “misturam o que está em alta na música brasileira, mas, também, o que está despontando na música pernambucana”. Harmonizam-se sobretudo pelo olhar atento de reconhecer o que é criado localmente, do cenário mainstream ao independente (este, especialmente), define Gabriele. “Se analisar, os artistas que tocaram no Molotov deste ano já tocavam na programação da rádio antes. Tem nomes das apostas da Frei Caneca FM que sempre passam pelo Molotov”, diz, ressaltando a série de apostas musicais para o ano seguinte que é publicada anualmente. Contam, aí, nomes ascendentes como Afroito, Ciel, Bruno Berle, Bebé Salvego, Bixarte e N.I.N.A.

E não para por aí. Uma face bastante prática desse intercâmbio está nos encontros entre artistas e produtores, agentes e curadores, um contato que gera uma via de mão dupla. “A gente conhece os artistas que ainda não tinham chegado aos nossos ouvidos e os artistas que não conheciam a nossa rádio agora podem conhecer um veículo que pode tocar as músicas deles na FM”, aponta a apresentadora.

No que diz respeito aos destaques da edição 2023, esteve o palco KMKAZE, sob a curadoria da DJ Libra Lima. A aposta foi a cena eletrônica, com forte presença LGBTQIA+ a exemplo de Geni, a própria Libra, Badsista e as Irmãs de Pau. Convidadas do programa BR-101.5 para o aquecimento Deu Molly, as Irmãs de Pau, duo de cantoras trans do funk carioca, representaram suas raízes e vivências. “O funk é tanta coisa. Existe o funk melódico, romântico, de crítica social, de exaltação, de ostentação. Tem o brega funk, que eu amo e é um ritmo que eu vejo que o nordeste tem ajudado muito, construiu a estética, e que é muito versátil. E, quando a gente pensa que se esgotaram as possibilidades do funk se reinventar, aí é que mostra que tem muito mais opções”, comentou a integrante Isma durante bate-papo da dupla com Gabriele Alves.

Quanto à iniciativa cultural sobre outras localidades, para além dos shows, se destaca a parceria do festival com a Secretaria de Juventude do Recife. O 6º Festival das Juventudes, com a curadoria do Molotov e em parceria com outras organizações, levou a música de artistas como o DJ Vhoor a lugares como a Praça do Sebo e o Pátio de São Pedro, com apresentações gratuitas.

Para a apresentadora do BR-101.5, uma das coisas que mais a fazem admirar o Coquetel Molotov é “esse compromisso que eles têm com a diversidade e a inclusão”. Uma demonstração simples disso, mas significativa, é a forma de anunciar seus artistas, feita sem distinção de relevância, diferentemente de outros festivais. “Então, no mesmo evento, você tem lá, se apresentando, Marcelo D2, como foi o caso deste ano, e Mateus Fazeno Rock, que é da periferia de Fortaleza — e no mesmo banner, em ordem alfabética, com o mesmo tamanho”. Segundo Gabriele, “é um festival a que você vai e pode assistir show de techno, R&B, rap, rock, todos os estilos”, conclui.

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Ficou a fim de escutar as entrevistas na íntegra? Clica pra conferir: O Quartinho, Brisa Flow, Irmãs de Pau, N.I.N.A. e Ana Garcia. Lembrando que o #TBT101 é uma coluna em que, toda quinta-feira, vamos relembrar entrevistas e programas massas e importantes que já rolaram na programação da rádio pública do Recife.

 

Todas as  entrevistas ficam disponíveis na sua plataforma de streaming favorita (Spotify, Deezer, Castbox, Google Podcasts, Anchor ou Mixcloud, além do YouTube).

 

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