ícone face twitter instagram

Culpa na maternidade foi o assunto do TPM desta semana

10.09.19 - 14H43
Participantes do Programa TPM- Tempo Pra Mim, de segunda-feira (09).

Nataly Gomes, Anita Ducastel e Priscila Xavier com o pequeno Taylor, filho de Nataly. Foto: Marlise Nadler.

Na tarde da última segunda-feira (09), o TPM - Tempo Pra Mim abordou o tema da culpa materna. Para conversar sobre este assunto, Priscila Xavier recebeu a psicóloga do Hospital da Mulher do Recife, Anita Ducastel, a mãe do pequeno Taylor, Nataly Gomes, além da participação, por telefone, da também psicóloga, Bianca Amorim, do projeto Renascendo Após a Maternidade. 

"A culpa é um sentimento universal. Desde que o mundo é mundo existe a culpa", explicou Anita. Ainda de acordo com ela, a sensação de culpa na maternidade começa a partir do momento da gravidez, quando a agora gestante passa a conviver com as pressões externas e com os estereótipos vinculados à maternidade. 

Nataly contou que nunca pensou em ter filhos e que depois de engravidar, “vieram pessoas de todos os lados impondo o que deveria fazer com o meu filho, me dizendo de que maneira eu deveria criá-lo". Ela complementou contando que começou a se sentir em crise a partir do momento em que, ao impor regras para a criação de seu filho, passou a ser questionada e criticada pelas pessoas. "Cheguei até a pensar que ele não seria feliz comigo", revela.    

Sobre as comparações, Anita pontuou que a questão contribui bastante para criar dúvidas na mãe sobre as suas capacidades e, consequentemente, a culpa por muitas vezes não conseguir "cumprir o seu papel", se tornem gatilhos para quadros de depressão em muitas mães de primeira viagem. Problemas como ansiedade, síndrome do pânico e a própria depressão, podem ser comuns também. "A culpa não é uma coisa boa, precisa ser trabalhada", concluiu. 

Por convenção social, a questão da maternidade ainda é muito romantizada. Se por um lado, as mulheres são e sentem-se cobradas em relação ao matrimônio e à maternidade, por outro, muitas são questionadas e cobradas pela simples opção de não se tornarem mães. "As pessoas não perguntam: você se formou, está trabalhando num lugar legal? Não. Perguntam logo se você casou e se tem filho, como se o fato de se casar e ter filhos fosse a única coisa na vida", comentou Anita. 

A psicóloga do Hospital da Mulher explicou que o processo de formação da personalidade da criança começa desde o útero e vai até os sete anos de idade, por isso o cuidado com as emoções da mãe é muito importante. "A maternidade é uma coisa que tem que vir de dentro. Ela tem que querer, ela tem que gostar, tem que aceitar. Porém, muitas vezes acontece sem você querer, e a gente pode se preparar pra isso, a gente tem o instinto maternal", explica Anita, que aconselha: "Só que para isso, a gente não precisa morrer pra que esse novo ser nasça. A gente pode continuar sendo mãe, sendo mulher, continuar sendo sensual. Uma vez na semana, tirar um dia pra  sair com as amigas e distrair sua mente. Você não pode ser mãe cem por cento ali, senão vai entrar em colapso. É importante sair e ver outras coisas, isso faz voltar mais renovada”. 

“Não posso fazer isso porque tenho filho”. Nataly, que possui conta no Instagram (@talygomes) onde compartilha com outras mulheres o seu cotidiano de alegrias, descobertas e dificuldades maternas, além de interagir com outras mães de primeira viagem, conta que toda a vez em que pensa em dar um tempo para si mesma, é “lembrada” pelas pessoas de que “agora é mãe e possui responsabilidades”. Apesar de não ter problemas com o pequeno Taylor, ela afirma já ter tido momentos de estresse até com ele, justamente por conta do que as pessoas lhe diziam sobre as suas “responsabilidades de mãe”. Também conta que a percepção de seu marido foi importante para que pudesse enfrentar o problema, revelando algo lhe foi dito por ele: "Você tem que ter o seu tempo”. “Ele ficava um dia em casa, eu me ajeitava, me maquiava e tirava fotos", contou. 

Uma das iniciativas apresentadas para ajudar a enfrentar o turbilhão de dificuldades foi o projeto “Renascendo após a maternidade”, através do qual a psicóloga brasiliense, Bianca Amorim, aconselha e ajuda a conectar, em uma rede de apoio, mulheres com dificuldades após o nascimento de seus filhos. 

Assista ao programa completo no vídeo


Compartilhe