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Casos e gargalos da cadeia produtiva da música foram debatidos no Recife

01.07.19 - 17H36
Auditório do Apolo 235 lotou para o debate. Foto: Guilherme Gatis

Auditório do Apolo 235 lotou para o debate. Foto: Guilherme Gatis

Cerca de 100 pessoas, entre artistas, produtores de eventos, donos de bares e boates, gestores de institutos e centros culturais, estiveram reunidas na noite da última quinta-feira (27), no auditório do Apolo 235, no Bairro do Recife, para participar do “Eu Toco Recife - Entendendo a Cadeia Produtiva da Música”. O encontro, que trouxe à tona projetos e problemas enfrentados pelo setor musical do estado, contou com a participação, na mesa, da produtora do Festival No Ar Coquetel Molotov, Ana Garcia, da proprietária da boate Club Metrópole (Recife-PE), Maria Do Céu, do músico Juliano Holanda, e na mediação, do gerente de Programação da Frei Caneca FM,  Patrick Torquato.

Dificuldade de circular com os projetos musicais, captação de recursos, preconceito com relação às pessoas LGBTI+ e falta de atenção aos artistas periféricos fora algumas das questões levantadas ao longo da conversa. O compositor Juliano Holanda falou sobre as dificuldades enfrentadas pelos artistas e caminhos encontrados para circular com seu trabalho. “Pra quem é músico, parece que você descobre uma nova maneira de se expressar quando aprende o instrumento. Então, não fazer música é como se me deixasse mudo. Agora, quais meios você vai construir para que sua voz e sua música sejam bem ouvidas, é uma questão”, disse. Holanda comentou sobre o Reverbo - projeto de músicos contemporâneos pernambucanos do qual faz parte - como um caminho que tem se mostrado interessante. “Encontramos um espaço para conversar e experimentar aquilo que estávamos produzindo. O Reverbo é um lugar não-lugar. Não é uma cena. Existe uma individualidade, mas todos podem se colocar. O nosso ponto em comum é o afeto”, complementou.


Maria do Céu contou algumas formas de preconceito institucional enfrentados pela boate da qual é gestora. “Burocracia é uma grande dificuldade para abrir e manter empresas. Mas vai dizer que é LGBT pra tu ver, é ainda mais difícil”, revelou e prosseguiu, “Pra nós, foi uma grande conquista a aprovação da criminalização à homofobia”. Para Mery Lemos, produtora cultural, a maior dificuldade consiste em mobilizar o público. “Diferente de 10 anos atrás, quando havia muitos festivais promovidos pelo poder público no estado, eu não vejo, hoje, as apresentações gratuitas como um problema. Muitos desses festivais deixaram de existir. Mas continua sendo muito difícil conseguir fazer as pessoas saírem de casa pra assistirem a uma apresentação”, comentou.

Ana Garcia, que há 17 anos produz o Coquetel Molotov, falou sobre a dificuldade de financiar os projetos, e como tem conseguido bons resultados para atrair o público, mudando o formato do evento. “A gente quer fazer um festival acessível, com estrutura e com uma programação diferente, com músicos que não estão circulando na cidade. Mas nosso maior problema é a captação. São muitas cabeças pensantes pra fazer o Molotov e uma coisa que a gente entendeu é que não adianta mais só botar um palco com música, a gente precisa criar uma experiência. Quando você entra no Coquetel, você entra num portal e vai vivenciar uma coisa muito única durante aquelas 15 horas de Festival”, disse.

Apesar de várias intervenções terem sido feitas com relação às políticas públicas para a Cultura, Torquato sugeriu que o grupo focasse a energia em unir-se em busca de fortalecer a cadeia da música como empreendimento, economia criativa. Ao final do debate, ficou combinado que os participantes receberiam por email uma memória do evento, e que em breve seria lançado um chamado para uma próxima reunião, a fim de pensar ações possíveis de serem encaminhadas, coletivamente. Acompanhe a ação no instagram @eutocorecife.

O “Eu Toco Recife” foi realizado através de uma parceria entre a Fundação de Cultura Cidade do Recife, por meio da Frei Caneca FM, e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Recife. A ação integrou a programação oficial de aniversário da rádio e figurou como a primeira ação Rolê REC'n'Play, que servem de esquenta para o REC'n'Play Festival, que acontecerá de 02 a 05 de outubro.

Assista ao debate na íntegra:


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