
Foto: Divulgação
Por João Pedro Rodrigues
No decorrer dos anos, a música instrumental pernambucana vem ganhando mais respeito, reconhecimento, e admiração, com os olhos e ouvidos se voltando a cada momento para os palcos a fim de prestigiar a potência artística e cultural de nosso estado. E em agosto de 2025, o grupo SaGRAMA, um dos grandes nomes pernambucanos de música instrumental, completa três décadas de uma rica trajetória.
O grupo iniciou em 1995, a partir de uma disciplina do conservatório de música pernambucano, ministrado pelo Flautista do grupo Sérgio Campello, unindo as manifestações de cultura popular com um estilo mais erudito. E com o passar dos anos, o grupo foi ganhando seu espaço, participando na produção de trilhas sonoras em filmes e peças teatrais, sendo as trilhas feitas para o longa “O Auto da Compadecida” o trabalho mais conhecido do SaGRAMA.
As comemorações dos trinta anos do grupo começaram desde novembro de 2024, com o projeto “na trilha dos 30”, que segue até o mês de aniversário do grupo, no mês de agosto. E o #TBT101 desta semana vem relembrar a vinda de Sérgio Campello para conversar com Gabrielle Alves no BR-101.5 em novembro de 2024 para falar sobre o início do projeto que contou com show de estreia no Teatro do Parque, tendo participações dos artistas Maestro Spok, Martins, Isadora Melo, e Rafael Marques.
Acompanhe aqui um trechinho da entrevista:
Gabi Alves: Aproveitando esse grande mote que é o nome “Na Trilha dos 30”, nesses últimos trinta anos que o SaGRAMA existe, a música instrumental, sobretudo a pernambucana, se transformou muito. E claro que a gente tem certeza que tem muita influência do SaGRAMA que marcou a nossa identidade. Como você enxerga o momento que a gente tá hoje da música instrumental pernambucana e brasileira? Você acha que a gente avançou bastante?
Sérgio Campelo: Acredito que sim, a música instrumental realmente é mais difícil porque ela não tem aquele apelo popular direto, não tendo uma cantor, uma letra e uma poesia, então fica mais difícil a comunicação. No Brasil, de uns tempos pra cá, melhorou muito, Pernambuco tem muitos artistas que fizeram música instrumental, e que ainda fazem, e outros tão nascendo. A gente conseguiu se sustentar por conta primeiro da responsabilidade, a gente tem um ritual de ensaios, o SaGRAMA tem 30 anos, mas a gente ensaia religiosamente todas as terças-feiras pra fazer uma manutenção. Quando tem projetos, a gente precisa fazer ensaios extras, e depois de um longo projeto, a gente pode até se dar o luxo de fazer umas feriaszinhas de três semanas, mas é importante essa disciplina.
Gabi: O SaGRAMA trouxe uma identidade e quase que uma trilha sonora pro povo nordestino no geral. Ter colaborado e ter visto o SaGRAMA construir esse imaginário do que existe, principalmente em torno da “presepada”, que é aquela música tema do personagem João Grilo, a gente tem a noção de que o SaGRAMA contribuiu para hoje em dia a gente também ter esse orgulho de ser nordestino. O SaGRAMA segue fazendo isso e inspirando outros artistas a também celebrarem o chão que eles pisam, de onde eles saíram, né Sérgio?
Sérgio: Isso, o legal é que a “presepada” vai estar de novo no Auto da Compadecida 2 (2024), em dezembro, ela vem com uma nova roupagem, uma nova linguagem. Ela não está sendo interpretada dessa vez pelo SaGRAMA porque ela tem diversas sonoridades diferentes vindo, mas ela está presente na maioria das cenas e com diversas variações. Pra gente isso é muito legal, porque 25 anos depois a “presepada” tá aí viva e forte, o filme tá pronto e vem com novidades por aí, vai ser bem bacana.
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Confira essa entrevista na íntegra através do nosso canal no Youtube. Toda quinta-feira publicamos a coluna #TBT101, onde o ouvinte relembra entrevistas importantes que a 101.5 trouxe na grade de programação.
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